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Alagoas

gazetaweb

27/12/2020 às 07:38

Morre Gesivan Rodrigues, dono da mais tradicional banca de revistas de Maceió

Durante 60 anos local foi referência para leitores de várias camadas sociais 

(Créditos de imagem: divulgação )

Morreu na madrugada deste sábado (26), devido a problemas cardíacos, Gesivan Rodrigues Gouveia, dono da Banca de Revistas Nacional, uma das mais tradicionais de Maceió nos últimos 60 anos. Sempre bem abastecida, a banca, que fica na Praça do Montepio, no Centro, sempre foi uma referência para leitores de várias camadas sociais, mas notabilizou-se nos anos 70 e 80 pela especial clientela de intelectuais, artistas e políticos.

Durante o regime militar, a Nacional passou a ser o ponto de encontro dos leitores do semanário Pasquim, que sempre estava sujeito a apreensões pela Polícia Federal. Na banca de Gesivan, formavam-se rodas de conversa em que se discutia a censura.

Em depoimento à Comissão da Verdade dos Jornalistas, Gesivan lembrou que os agentes chegavam, prendiam os jornais e o levavam para a Polícia Federal, que ficava no Mirante de São Gonçalo.

No início dos anos 80, a ditadura já estava enfraquecida, mas continuava a tratar os jornais da chamada imprensa alternativa como inimigos. Bancas de revistas passaram a sofrer atentados em todo o País. A Banca Nacional foi danificada com uma tentativa de incêndio, mas continuou expondo os tabloides de oposição. Graças ao apoio das organizações que lutavam contra a ditadura, manteve-se como um dos poucos que vendeu do primeiro ao último exemplar do Pasquim.

"Houve uma época que houve quebra-quebra de banca. Naquela época houve um movimento muito forte por aqui. O Aldo Rebelo se juntou com o pessoal do PCdoB e fez um movimento aqui, que reuniu muita gente. Era contra a Ditadura, que estava incendiando as bancas. Eu recebi várias ameaças, mas o movimento em apoio a minha banca fez baixar a pressão. Mas tentaram incendiar. Eles também vinham e arrancavam os cartazes que eu colava, mas depois do ato eles não vieram mais aqui", contou Gesivan.

O veterano jornaleiro considerava a Gazeta de Alagoas uma espécie de termômetro, que mede a importância das principais notícias de Alagoas. Segundo ele, sua relação com o jornal era excelente. "Ela é amiga da gente, amiga de todos. Vendo todos os 365 dias do ano, feriado e tudo mais", declarou na ocasião dos 80 anos do jornal.

Como um exímio dono de banca de jornal, ele disse que lia de tudo, mas atentou que o que mais circula entre os leitores era a Gazeta de Alagoas. "São muitos anos de inúmeras histórias, que passaram e passam por ele." 

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